domingo, 25 de março de 2007

O meu país das maravilhas ...


...para mim entrar no país das maravilhas, era poder ser mãe.

Eu e o meu amor, já estamos casados vai fazer 4 anos, e desde logo quisemos ser pais, nunca pensámos que para tal precisássemos sofrer tanto, ao ponto de considerarmos se vale a pena tentar outravez.

Há cerca de dois anos lá consegui engravidar, mas a alegria só durou onze dias, foi em onze dias que descobrimos que estava grávida, contámos aos familiares e amigos mais próximos, e esperámos ansiosamente pela primeira ecografia para sabermos, exactamente de quanto tempo estava grávida. Foi nesse tão esperado momento que tudo se desmoronou, o coração do bebé não batia, e estaria, mais ou menos de 11 semanas.

Passou algum tempo, até que tivéssemos coragem para começar a tentar outravez, foi preciso muita coragem, e quem já passou por isto, deve saber muito bem do que estou a falar, não foi só a dor emocional, foi "muito" a dor física, nunca pensei sofrer tanto para fazer uma curetagem.

Entretanto, engravidei outravez no verão passado, fui logo para o médico quando notei os primeiros sinais, fiz a beta, e estava muito no início, deixei passar dois dias e repeti a beta, só depois do 2º resultado o médico deixou-me fazer a ecografia, estava muito ansiosa e ele não queria que me decepcionasse. Desta vez aguentámo-nos, e não contámos nada a ninguém antes da eco. Lá fiz a eco, estava de 5 semanas, o coração batia com uma força que até me fez chorar, e eu só pensava como é que aquela manchinha tão minúscula, tem um coração a bater com tanta força?
Foi a alegria e a felicidade a invadir a nossa vida, contámos ainda a medo, às pessoas mais próximas, tudo corria bem, começámos a apaixonar-nos pelo dono daquele coração que batia tanto, com tanta força, pensava que era força de viver, de vencer, de nascer...

... outravez às 11 semanas ... levantei-me pela manhã com um corrimento escuro, liguei para o médico, disse-me que me mantivesse deitada, e no dia seguinte fosse ao consultório, assim foi, marcou-me uma eco, pela minha insistência, ele achava que devia esperar até às 12 semanas, ficava em repouso estava quase lá. Eu insisti, e nesse mesmo dia, fiz a eco, na sala de espera estavam muias grávidas, todas com um ar leve, calmo, e eu transpirava, rezava, pedia só que o coração batesse ... mas não bateu, e a médica quase chorou comigo e com o meu marido. Saí de lá com uma revolta, tão grande, que não suportava olhar para ninguém, doía-me a minha infelicidade (duas vezes, pensava eu), e hoje sinto-me culpada, porque me doía também a felicidade dos outros.

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